A coroação e a sagração de Luís XIV ocorreram em 1654 na Catedral de Reims. A cerimônia de coroação incluiu um juramento prestado pelo rei prometendo conservar os privilégios de seus súditos. A seguir veio o momento da sagração, em que o rei recebeu do bispo o santo óleo. Leia um trecho referente a esse momento.
Mais tarde, em suas memórias, Luís afirmou (tal como os teóricos da monarquia absoluta) que sua sagração não o fizera rei, simplesmente o declarara rei. Acrescentou, no entanto, que o ritual tornara sua realeza “[...] mais inviolável e mais santa”. Essa santidade pode ser ilustrada pelo fato de, dois dias depois, o jovem rei ter desempenhado pela primeira vez o ritual do toque real. Segundo uma crença tradicional, os reis da França, como os da Inglaterra, tinham o poder miraculoso de curar a escrófula, uma doença de pele, tocando os atingidos e dizendo “o rei te toca, Deus te cura” [...]. Nessa ocasião, Luís tocou três mil pessoas. Ao longo de seu reinado, tocaria muito mais.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. 2. ed.
Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 54-55.
O fragmento revela que: