Explicaê

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O espelho da Copa

Brasília — A Copa do Mundo de 2014 foi uma espécie de hidra. Houve a cabeça do espetáculo do esporte, a do irracionalismo nacionalista, a da surpresa positiva dentro e fora dos estádios, a da ameaça de fiasco organizacional, a do legado incerto, aquela que instigou protestos nas ruas, e por aí vai.

Mas o sorteio dos grupos da Copa iluminou um aspecto: a dificuldade do Brasil em lidar com sua própria imagem.

O melhor exemplo veio de Manaus. Antes do sorteio, o técnico da Inglaterra reclamou da hipótese de jogar em um lugar quente e úmido – para não falar nos bichos perigosos que transmitem perebas insondáveis, como lembrou a imprensa britânica (não sem razão).

Qual foi a resposta brasileira à esportivamente correta preocupação? O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), disse, com sua habitual finesse de lutador de jiu-jítsu, que os ingleses não seriam bem-vindos. Poderia ter falado sobre as maravilhas amazônicas para turistas em potencial, mas preferiu amarrar o nome de Roy Hodgson na boca de um sapo e jogar o batráquio num igarapé.

Só deu meio certo: a Inglaterra caiu no “grupo da morte”, mas pegaria a Itália em… Manaus. Depois, Virgílio tentou consertar, mas era tarde.

O episódio é banal, mas revelador da inconstância de um país isolado historicamente. Ora somos vira-latas, ora enchemos o peito de orgulho para desafiar o mundo; a política externa do país é um exemplo acabado de como isso pode ser prejudicial na prática.

Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/142632-o-espelho-da-copa.shtml>. Acesso em: 26 jan. 2016. Adaptado.


No texto, o autor pretende demonstrar que:

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