Leia o poema Dom Quixote, de Adelina Lopes.
Dom Quixote
Paulo tinha seis anos incompletos;
tinha só quatro o louro e gentil Mário.
Foram à biblioteca, sorrateiros,
e ficaram instantes, mudos, quietos,
a espreitar se alguém vinha; então, ligeiros
como o vento, correram p’ra o armário,
que encerrava os volumes cobiçados:
eram dois grandes livros encarnados,
cheios de formosíssimas gravuras,
mas pesados, meu Deus!
Os pequeninos
porfiavam, cansados, vermelhitos,
por tirá-los da estante. Que torturas!
‘Stavam tão apertados, os malditos!
Enfim, venceram não sem ter lutado...
Paulo entalou um dedo, o irmãozinho,
ao desprender os livros, coitadinho!
cambaleou, e foi cair... sentado.
Não choraram: beijaram-se contentes
e Paulo disse a Mário: Que bellote!
vamos ver à vontade o D. Quixote,
sem os ralhos ouvir, impertinentes,
da avó, que adormeceu. Oh! que ventura! [...]
VIEIRA, Adelina Lopes. Dom Quixote. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/wk000074.pdf.
Acesso em: 18 fev. 2019.
Glossário
Porfiar – lutar.
O desenlace no poema acontece quando