O DIÁRIO DE VERÔNICA
MEU ANIVERSÁRIO
Bonifácio, meu cachorro, entra todo alegre no meu quarto, pula em cima de minha cama e começa a lamber a ponta de meu nariz. Traz no pescoço uma fita azul, onde mamãe escreveu: “Feliz Aniversário”.
Depois, papai vem me beijar, antes de ir para o escritório. Ele me dá um estojo maravilhoso de aquarelas. Senta na beira de minha cama e diz:
- Verônica. Você vai prometer, agora, acabar todos os seus desenhos. Você faz coisas bonitas, mas tem um grande defeito: não acaba o que começa!
Papai tem razão.
Mamãe me deu um caderno grande, de desenho, um lápis e uma borracha vermelha.
Mamãe pôs o vestido dos dias de festa e disse:
- Tia Augusta e tio Júlio vêm almoçar, com Odilo, com seus primos gêmeos e com sua amiguinha Arlete.
Bato palmas de alegria e pergunto:
- Será que vão trazer presentes?
- Não faça mais estas perguntas, Verônica! Você já é uma menina crescida.
- Mas que é aniversário, mamãe?
- É o dia do ano em que você veio ao mundo.
- E antes? Onde é que eu estava antes de nascer?
- No meu coração. Sempre sonhei ter uma filhinha como você. Você era o meu sonho!
Que engraçado: antes de nascer eu já era um sonho de mamãe. Agora sei: basta sonhar uma coisa para ela acontecer!
(...)
Arlete foi a primeira a chegar, com um bonito livro de figuras para meu aniversário. (...)
Meus primos João e Pipo são gêmeos. Nasceram no mesmo dia e se parecem tanto que a gente confunde um com o outro. Eles me deram uma caixa cheia de bombons. Sou louca por bombons, mas estou proibida de comer chocolate. Agradeci e, depois, mamãe escondeu a caixa. Faço o possível para ser boazinha para com meus primos, mas em todo aniversário meu eles só trazem chocolate. Já expliquei que o médico me proibiu de comer chocolate. Os gêmeos ouvem com atenção e concordam com a cabeça, juntos. Acho que desta vez compreenderam. (...)
A família do Odilo chegou fazendo um enorme barulhão. Odilo adora implicar comigo. Tio Júlio é enjoado como a chuva, mas mamãe diz que tenho que ser boa com ele: está doente. Tia Augusta não é má, mas o narigão dela me encabula. (...) Tio Júlio me deu um presente: tirou da carteira uma nota para eu botar no meu porquinho. Eu agradeci, mas fiquei desapontada, pois eu esperava ganhar um estojo vermelho para os lápis. Enfim...
Pronto! Todos já chegaram e vamos para a mesa. Nós, garotos, não podemos fazer barulho: tio Júlio detesta. Meu primo Odilo me belisca para eu rir, e os gêmeos discutem futebol, em voz baixa. Depois vem o bolo com velinhas que apago de uma vez só!
Após o almoço, fomos brincar de piratas, no sótão. É formidável! No meio da brincadeira, briguei com meu primo Odilo, que não sabe perder, e mandaram a gente descer “porque não somos capazes de brincar sem brigar”.
(...)
(Fonte: FRERE, Maud. O diário de Verônica – meu aniversário. Lisboa, Livraria Bertrand, 1965. adaptação)
a) Ao dar o presente de aniversário a Verônica, seu pai lhe diz que ela tem um defeito. Que defeito é esse?
b) Você concorda que essa característica de Verônica é um defeito? Explique sua opinião.