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Expoentes do candomblé baiano não querem mais saber de sincretismo com os católicos
Baixou o espírito da antropologia nos terreiros de candomblé da Bahia. Os arautos da cultura negra agora batalham intensamente para que os orixás deixem de ser associados a santos católicos, sincretismo que remonta à época da colônia. Proibidos de realizar seus cultos, os escravos passaram a misturar símbolos da Igreja aos africanos, como forma de ludibriar seus senhores. A estratégia de sobrevivência entranhou-se de tal maneira na essência dos cultos que gerou uma religiosidade peculiar, afro-brasileira, na qual os orixás têm correspondência com os santos católicos. Uma correspondência, diga-se, totalmente arbitrária. Por exemplo: o orixá equivalente a São Jorge, o santo guerreiro, não é Ogum, a divindade da luta, e sim Oxóssi, bem mais pacífico, senhor das florestas e da caça. Ao lado dos estudiosos que defendem o purismo militam algumas das figuras mais influentes dos terreiros baianos, como Mãe Stella e Mestre Didi.
Mario Leite
Lavagem da escadaria da Igreja de Nosso
Senhor do Bonfim, em Salvador: dentro, não
A revogação do sincretismo, acreditam eles, reforçará a visão de que o candomblé não é manifestação folclórica ou animista, mas uma religião como qualquer outra. O outro sentido dessa batalha é retaliar os ataques do clero baiano. Os padres partiram para a confrontação com o candomblé estimulados por dom Lucas Moreira Neves. Em 1998, na condição de cardeal-arcebispo de Salvador, dom Lucas afastou da cidade o bispo negro dom Gílio Felício, que gostava de usar batas africanas e se mostrava simpático demais com relação às tradições afro-brasileiras. Até um dos mais tradicionais ritos sincréticos do país não é mais tão sincrético assim. Antigamente a lavagem da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim acontecia no seu interior, mas hoje só é permitida nas escadarias. "Da nossa parte, o anti-sincretismo é também uma questão política", confirma Mestre Didi, sumo sacerdote do culto aos ancestrais no candomblé.
Mãe Stella, mãe-de-santo do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, foi uma das primeiras a dar seu apoio ao anti-sincretismo. Ela afirma que o uso de imagens católicas no terreiro é profanação. "Sincretismo é resquício da escravatura", diz. "Não precisamos disso." A maior dificuldade dos que desejam um retorno às origens africanas é fazer com que a idéia chegue à massa dos adeptos. Isso porque no candomblé não existe comando central. Cada pai ou mãe-de-santo é papa em seu próprio terreiro – estima-se que haja 2.000 apenas em Salvador. Ou seja, diferentemente do que acontece na igreja católica, não é possível estabelecer uma lei que valha em todo lugar. O trabalho dos anti-sincretistas tem de ser de convencimento, quase de doutrinação. A tarefa é duplamente árdua porque a maioria dos donos de terreiro acha que interditar a correspondência entre orixás e santos católicos vai afugentar boa parte dos freqüentadores. Mesmo no terreiro de Mãe Stella há mães-de-santo que se declaram católicas e vão à missa. Os anti-sincretistas terão de bater muito atabaque para que as suas concepções vinguem. Se é que algum dia vingarão
http://veja.abril.com.br/010300/p_094.html
Converse com a turma sobre o assunto, explique aos alunos sobre a representação religiosa tanto na religião católica com a figura dos santos, quanto o candomblé com os orixás, e que apesar das divergências, ambos são presentes no universo religioso do Brasil. Peça aos alunos para aprofundarem o tema através de pesquisa em livros, revistas, jornais e internet. Abra uma roda de conversa após realizadas as pesquisas e permita que os alunos troquem essas informações coletadas.
Leve imagens das pinturas de orixás do artista argentino Caribé e mostre para a turma. Comente com os alunos que mesmo que haja controvérsias em relação à correspondência entre os orixás e os santos católicos, existe uma semelhança de propósitos entre eles, existe santo e orixá para muitas causas, assim como existiram os deuses e deusas na Grécia antiga.
Combine com os alunos de ampliarem as imagens de orixás de Caribé numa impressão em preto e branco, faça cópias xérox e peça aos alunos pintarem com lápis de cor para a montagem de um painel de orixás. Proponha aos alunos que reduzam as mesmas imagens e imprimam em tamanho bem reduzido, essas pequenas imagens, em pares, deverão ser coladas em papelão para a confecção de um jogo de dominó.
Depois dos dominós prontos, peça aos alunos que façam um colorido com caneta hidrocor e plastifiquem. Promova um campeonato de dominó.