Texto base:   Analise a representação de um deslizamento em áreas urbanas.    

A ARTE DO BAIXO-RELEVO E A MONTAGEM DE TEXTURA NA CERÂMICA PLÁSTICA

02 de abril de 2008

Peça de Beatriz Cominatto    Peça de Vera Laporte

Quando falamos em alto e baixo-relevo, geralmente associamos às artes gráficas, onde o alto-relevo é a forma convexa e o baixo-relevo somente a forma côncava.

Mas, escultoricamente falando, baixo-relevo é uma forma de escultura trabalhada ou aplicada sobre um fundo plano, de maneira um pouco mais sutil e discreta, como uma escultura achatada sobre uma base, com apenas duas dimensões e não três, como seria na escultura normal ou no alto-relevo.

Baixo-Relevo da Ceifa do Trigo             Baixo-Relevo de Guerreiros Persas 

Toda escultura, inclusive as de baixo-relevo, tem como propósito os efeitos de luz e sombra, dando uma continuidade às formas artisticamente projetadas pelo escultor, que não esculpe simplesmente as formas sem se preocupar com a projeção da luz que irá, através das sombras, realçar suas formas. Tudo faz parte de um todo, e tudo contribui para a beleza e harmonia do trabalho, que é meticulosamente planejado e elaborado.

Mas voltando ao nosso tema, consideramos relevo sempre que, sobre um fundo plano, adicionamos formas projetando-as para frente. No caso do baixo-relevo, essas formas são salientes, mas apenas parcialmente, ou seja, não se dá a forma completa da figura em questão explorando toda a sua profundidade e detalhes, e sim apenas uma saliência das formas.

Baixo-relevo para estudo de retrato de um faraó      Baixo-relevo no Egito

Para uma melhor explicação disso, imagine que você vá moldar uma figura em relevo...No baixo-relevo, apenas um molde na frente seria necessário já que, apesar de haver relevo, sua visão é praticamente frontal, com uma tridimensionalidade quase que simulada, pois a imagem tem pouca profundidade. Já no alto-relevo, é como se a figura quase saltasse de seu fundo, é mais tridimensional, e se fosse moldar, necessitaria de dois moldes, para capturar todos os lados da imagem, que pode ser vista por vários ângulos e não apenas o frontal.

O baixo-relevo pode ainda ser dividido em baixo, médio, alto, misto ou cavado, e até mesmo uma única obra ser composta por todos eles!

Baixo-relevo do Palácio de Apadama                Baixo-relevo em homenagem a Casanova (Veneza)

É bastante utilizado na joalheria, na decoração de fachadas arquitetônicas e até na confecção de moedas e objetos decorativos. Mas foi justamente na decoração de fachadas que esta arte tornou-se bastante conhecida, desde o antigo Egito, e seu apogeu foi durante o período Greco-Romano.

O bronze e o mármore eram os materiais mais utilizados. No caso do bronze, o relevo era adicionado à base, e do mármore, esculpidos diretamente na base. Duas formas bem diferentes de trabalhar.

Peça de Elisabeth Reale                                                Peça de Léa Waider

Nas peças em cerâmica plástica que desenvolvemos em conjunto na última reunião do Clube da Cerâmica Plástica, e que aqui também apresento, moldamos figuras pequenas e variadas, utilizando pequenos moldes e texturas, fazendo uma montagem com as figuras obtidas, sobre uma base lisa. Não achei justo chamar de baixo-relevo, pois não foi bem uma escultura o que fizemos, e sim uma montagem descontraída utilizando moldes, e sem pretensões esculturais! Mas fizemos um baixo-relevo com efeitos de luz e sombras bem interessantes, salientados ainda mais por pátinas variadas e alguns efeitos coloridos e metalizados.

Peça de Nanci Fuchs

Talvez eu até passe a chamar de baixo-relevo, quando trabalhar figuras únicas, esculpidas ou  modeladas de forma mais artística, e não somente copiadas de moldes. Por isso dei o nome de montagem de textura, que achei mais adequado para o momento, e mais combina com o que fizemos, já que trabalhamos basicamente montando figuras avulsas.

Mesmo assim, o resultado me encantou e pretendo desenvolver mais a técnica!

Esta técnica é trabalhada em cerâmica plástica também por alguns artistas no exterior, dentre eles Donna Kato e Jacqueline Lee.

Agradeço a colaboração de Elisabeth Reale, Léa Waider, Nanci Fuchs e Vera Laporte, minhas parceiras do Clube da Cerâmica Plástica, que também cederam as imagens de suas belas peças para ilustrar esta matéria!

(autoria do texto: Beatriz Cominatto)

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