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Leia um trecho da narrativa de aventura para responder à questão. Ao amanhecer, após uma noite de tormenta, ouvi um grito: “Terra à vista!”. Saímos dos camarotes para ver do que se tratava e fomos surpreendidos por uma onda que jogou o barco contra um banco de areia. Ondas incessantes ameaçavam esmagar o que restava da embarcação, outrora bela e confortável. — Que estranho lugar — comentou comigo um companheiro. — Aposto que seremos os primeiros civilizados a pisar nesta terra. — O pior é que não se pode dizer o mesmo com relação aos animais. Deve haver muitas feras por aqui. Além disso, não estou certo de chegarmos em terra com vida — respondi-lhe. Mal pronunciara essas palavras percebi que a fúria do mar abria a primeira brecha no casco do navio. Apelamos então para uma pequena embarcação de salvamento, que transportávamos no barco. Mas, contra o mar enfurecido, que se poderia esperar de uma simples canoa, quase uma casca de noz? Toda a nossa esperança, porém, estava dependendo do que se pudesse obter com a canoa. E ela resistiu, durante quatro horas, num heroico combate com as ondas. Então foi virada e rapidamente afundou. Assim como a canoa, um de meus companheiros deu um longo mergulho sem retorno. Agora, éramos onze. Onze náufragos travando com o mar uma luta impossível. O instinto de conservação fez-me nadar em direção a terra sem hesitação nem perda de tempo, pois um minuto de retardo, numa situação dessas, pode resultar na morte. No final, eu já não tinha forças para nadar; era carregado pelo mar, como um tronco de árvore. E uma onda, enfim, me depositou na praia. Estava meio morto de cansaço, mas com um desejo muito forte de sobreviver. Animado por ele, pus-me de pé. Começava a andar, quando uma onda mais forte me ajudou, atirando-me longe, de encontro à areia. Senti então a terra firme sob meu corpo e respirei fundo, imóvel sobre a areia úmida, sem poder acreditar que havia conseguido salvar-me. Mas era verdade: eu estava vivo e salvo. DANIEL, Defoe. Robinson Crusoé. Rio de Janeiro: Ediouro, 1970.
Enunciado:
O apavoramento do narrador em relação aos fatos narrados pode ser percebido em: