Leia a seguir um trecho das lembranças de dona Risoleta.
Eu nasci numa fazenda perto do Arraial dos Sousas que se chamava Fazenda Angélica. (...) Nasci no dia 20 de março de 1900. Meu pai veio vendido de lá do Norte aqui pro Brasil no tempo de cativeiro. (...) Minha mãe quando nasceu já era de Ventre Livre. (...)
Desde oito anos trabalhei em casa de família, sempre tive que fazer tudo: botava a mesa, tirava a mesa, lavava a louça, areava aquele talher danado de arear. (...)
Levantava de madrugada, trabalhava o dia inteirinho, de noite acendia cinco ferros de carvão para engomar a roupa de linho que tinha que passar. (...) Se recebia, ou não, ordenado eu não sabia, porque meu pai é que ia no fim do mês receber. Dizia que não fazia questão de dinheiro, queria é que me ensinassem a ler um pouco. Até 22 anos nunca recebi um ordenadinho do que trabalhei. (...)
BOSI, Eléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
a) Explique a frase de dona Risoleta: “Minha mãe quando nasceu já era de Ventre Livre”.
b) Escreva duas diferenças do trabalho de dona Risoleta e o trabalho das mulheres de hoje.