Leia a seguir um trecho das lembranças de dona Risoleta.
Eu nasci numa fazenda perto do Arraial dos Sousas que se chamava Fazenda Angélica. (...) Nasci no dia 20 de março de 1900. Meu pai veio vendido de lá do Norte aqui pro Brasil no tempo de cativeiro. (...) Minha mãe quando nasceu já era de Ventre Livre. (...)
Desde oito anos trabalhei em casa de família, sempre tive que fazer tudo: botava a mesa, tirava a mesa, lavava a louça, areava aquele talher danado de arear. (...)
Levantava de madrugada, trabalhava o dia inteirinho, de noite acendia cinco ferros de carvão para engomar a roupa de linho que tinha que passar. (...) Se recebia, ou não, ordenado eu não sabia, porque meu pai é que ia no fim do mês receber. Dizia que não fazia questão de dinheiro, queria é que me ensinassem a ler um pouco. Até 22 anos nunca recebi um ordenadinho do que trabalhei. (...)
BOSI, Eléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
a) Explique a frase de dona Risoleta: “Minha mãe quando nasceu já era de Ventre Livre”.
b) Escreva duas diferenças do trabalho de dona Risoleta e o trabalho das mulheres de hoje.
Questões relacionadas
- Geografia | 3.7 Impactos Ambientais
TEXTO I
Os segredos da natureza se revelam mais sob a tortura dos experimentos do que no seu curso natural.
BACON, F. NovumOrganum, 1620. In: HADOT, P. O véu de Ísis: ensaio sobre a história da ideia de natureza. São Paulo: Loyola, 2006.
TEXTO II
O ser humano, totalmente desintegrado do todo, não percebe mais as relações de equilíbrio da natureza. Age de forma totalmente desarmônica sobre o ambiente, causando grandes desequilíbrios ambientais.
GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995.
Os textos indicam uma relação da sociedade diante da natureza caracterizada pela:
- Língua Portuguesa | E. Crase
(IFSC) Esparadrapo
Aquele restaurante de bairro é do tipo simpatia/classe média. 1Fica em rua sossegada, é pequeno, limpo, cores repousantes, comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os ouvidos. 11O dono senta-se à mesa da gente, para bater um papo leve, sem intimidades.
3Meu relógio parou. Pergunto-lhe quantas horas são.
— Estou sem relógio.
— Então vou perguntar ao garçom.
Ele também está sem relógio.
— E o colega dele, que serve aquela mesa?
— Ninguém está com relógio nesta casa.
— Curioso. É moda nova?
2— Antes de responder, e se o senhor permite, vou lhe fazer, não propriamente um pedido, mas uma sugestão.
— Pois não.
— Não precisa trazer relógio, quando vier jantar.
— Não entendo.
— Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este pequeno sacrifício.
— Mas o senhor podia explicar...
— Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta, gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes, nenhum.
— Agora é que não estou pegando mesmo nada.
— Coma o que quiser, depois mandamos receber em sua casa.
5— Bem, eu moro ali adiante, mas e outros, os que nem se sabe onde moram, ou estão de passagem na cidade?
— Dá-se um jeito.
— Quer dizer que nem relógio nem dinheiro?
— Nem joias. 12Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia. É o mais difícil, mas algumas estão atendendo.
— Hum, agora já sei.
— Pois é. Isso mesmo. O amigo compreende...
— Compreendo perfeitamente.
Desculpa ter custado um pouco a entrar na jogada. Sou meio 6obtuso quando estou com fome.
— Absolutamente. Até que o amigo compreendeu sem que eu precisasse dizer 7tudo. Muito bem.
— Mas me diga uma coisa. Quando foi 8isso?
— Quarta-feira passada.
— E como 9foi, pode-se saber?
— Como 10podia ser? Como nos outros lugares, no mesmo figurino. Só que em ponto menor.
— Lógico, sua casa é pequena. Mas levaram o quê?
— O que havia na caixa, pouquinha coisa. Eram 9 da noite, dia meio parado.
— Que mais?
— Umas coisinhas, liquidificador, relógio de pulso, meu, dos empregados e dos fregueses.
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.)
— O pior foi o cofre.
— Abriram o cofre?
13— Reviraram tudo, à procura do cofre. Ameaçaram, pintaram e bordaram. Foi muito desagradável.
— E afinal?
— Cansei de explicar a eles que não havia cofre, nunca houve, como é que eu podia inventar cofre naquela hora?
— Ficaram decepcionados, imagino.
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre. Eram cinco, inclusive a moça de bota e revólver, querendo me convencer que tinha cofre escondido na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá.
— E o resultado?
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, alvejava a estrela de esparadrapo.
4— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente escapou, é o que vale. Dê graças a Deus por estar vivo.
— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me perguntaram se eu tinha seguro contra roubo. E eu pensando que meu seguro fosse a polícia. 14Agora estou me segurando à minha maneira, deixando as coisas lá em casa e convidando os fregueses a fazer o mesmo. E vou comprar um cofre. Cofre pequeno, mas cofre.
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele?
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem. Abro imediatamente o cofre, e verão que não estou escondendo nada. Que lhe parece?
— Que talvez o senhor precise manter um estoque de esparadrapo em seu restaurante.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Esparadrapo. In Para gostar de ler. v. 3. Crônicas.
São Paulo: Ática, 1978.
Observe o uso do acento grave para indicar crase nas seguintes frases do texto:
I. O dono senta-se à mesa da gente (ref. 11).
II. Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia (ref. 12).
III. Reviraram tudo, à procura do cofre (ref. 13).
IV. Agora estou me segurando à minha maneira (ref. 14).
Assinale a alternativa CORRETA:
- Língua Portuguesa - Fundamental | 1.02 Variedades Linguísticas
Texto para a questão
Nick levantou-se. Estava inteiro. Olhou no trilho as luzes do vagão de serviço desaparecendo na curva. Havia água dos dois lados dos trilhos, e depois o brejo com os seus lariços.
Apalpou o joelho. A calça estava rasgada, e a pele, ralada. Tinha as mãos arranhadas e areia e cinza nas unhas. Desceu o barranco dos trilhos, chegou à cacimba e lavou as mãos. Lavou-as bem na água fria, limpando toda a sujeira das unhas. Agachou-se e lavou o joelho.
Aquele filho da mãe do guarda-freios. Ainda vou pegá-lo. Ainda vou encontrá-lo um dia. Fazer aquilo comigo.
– Vem cá, menino – disse o guarda-freios. – Tenho uma coisa pra você.
Nick caíra na conversa. Que coisa mais infantil. Ninguém mais o enganaria daquele jeito.
– Vem cá, menino, tenho uma coisa pra você. – Depois, vupt, e ele caiu de quatro ao lado do trilho.
Nick esfregou o olho. Um grande calombo se formava. Ficaria com um olho preto. Já doía. O guarda-freios filho da mãe
Apalpou com os dedos o calombo acima do olho. Ainda bem que era só um olho preto que ele ganhara. Saiu barato. Queria ver o olho, mas não podia olhando na água. Era noite, e ele estava longe de qualquer lugar. Limpou as mãos na calça e levantou-se; subiu o barranco para os trilhos.
Foi andando pela via. Era bem lastreada, fácil de caminhar nela, areia e cascalho socados entre os dormentes. A via parecendo passarela atravessava o pântano. Nick foi andando. Precisava chegar a algum lugar.
[...]
HEMINGWAY, Ernest. “O lutador”. 7 ed. Contos, v.1. Trad. José J. Veiga. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015, p. 49-50.
No período “Olhou no trilho as luzes do vagão de serviço desaparecendo na curva”, a oração em destaque pode ser substituída, sem perda de sentido, por:
- História | 1. Colônia
“A área hoje conhecida como sertão foi muito mais ampla da divisão que conhecemos atualmente. Durante o período colonial e imperial, o sertão correspondia, de acordo com os contemporâneos, a toda a área que não fazia parte da cidade da Parahyba (João Pessoa).”
(António Clarindo e Fábio Gutemberg. História da Paraíba – Ensino/Médio. C G EDUFCG, 2007)
Assinale a alternativa correta:
- Física | F. Circuitos Elétricos
No território brasileiro, existem períodos do ano que apresentam queda na umidade do ar, fazendo com que o ar fique bastante seco. Nessa época, é comum observar que as pessoas, ao saírem do carro e tocarem a maçaneta da porta, levam pequenos choques elétricos. Além disso, pessoas que ficam muito tempo em contato com aparelhos eletrodomésticos, ou que dormem com roupas feitas de determinados materiais, como a seda, ao tocarem objetos metálicos, também sentem as descargas elétricas, ou seja, levam um choque elétrico.
O corpo humano sofre com esse fenômeno de descarga elétrica, comportando-se como um condutor, pois