Explicaê

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RECEITAS NOJENTAS, IDEIAS BOLORENTAS


  Oi, meu nome é Cecília.

Para que você entenda o verdadeiro sentido deste livro, é preciso que conheça um pouco da minha vida.

Já estava fazendo oito anos (eu tenho dez; só que nos primeiros anos de vida a gente ainda não sabe reclamar das coisas) que minha mãe me oferecia só umas porcarias para comer. No almoço, era chuchu, beterraba, quiabo. No jantar, sopa de repolho, batata, mandioquinha. Nos fins de semana, quando eu queria uma bela pizza ou um super-hambúrguer com ketchup, lá vinha minha mãe com torta de berinjela e salada de alface com tomate. Ou, então, arroz com ervilhas, pimentão recheado, e outras coisas piores.

Argh!!! Decidi declarar guerra aos legumes e verduras. Quando minha mãe aparecia com essas coisas, eu gritava: “Eca, eca, eca, eu não como essa meleca!”

Bem, resumindo, foi por isso que acabei indo parar no consultório da Dra. Ema Luca, psicóloga.

Quando vi a doutora pela primeira vez, me pareceu a Olívia Palito: alta, magra e esquisita. Com os óculos pendurados num nariz enorme, ela me recebeu na sua sala, já com um bloco na mão. Tinha um jeito de falar muito engraçado, carregando os erres nos finais das palavras, parecendo que punha um jota. Mais ou menos assim: amorj, favorj, forj.

Quando eu entrei, ela disse:

– Sente-se, por favorj, Cecília.

Sentei. Daí ela disse:

– Pode falarj, que estou aqui para ajudarj.

Eu nem sabia o que é que ela queria que eu falasse, mas desconfiei que fosse sobre eu só querer comer pizza, hambúrguer e pastel de queijo. Então, soltei a língua:

- Se a senhora pensa que vai me convencer a comer legumes, verduras, e outras coisas horríveis, pode esquecer porque eu...

Mas a Dra. Ema me interrompeu e perguntou:

– Você acredita em bruxaria, Cecília?

Me espantei com a pergunta.

– É claro que não, né, doutora! – eu respondi. Daí ela olhou bem nos meus olhos, que eu pude ver até uma pinta no nariz, e disse:

– Pois eu tenho uma amizade com uma bruxa. Aliás, eu tenho um pacto com ela. Ela é uma excelente cozinheira e me ensinou receitas muito mais horrorosas e nojentas que as da sua mãe. Elas foram feitas especialmente para crianças cheias de nojo como você.

Achei uma superfalta de educação a psicóloga dizer que eu era cheia de nojo, mas confesso que fiquei espantada com a revelação, e doida por conhecer as tais receitas.

– Que pacto a senhora tem com sua amiga bruxa? – eu quis saber.

– Prometi à bruxa que jamais, em tempo algum, nem que todos os seres humanos me pedissem de joelhos, eu daria as receitas dela para quem não passasse no teste.

– Teste? Que teste? – perguntei, espantada.

– O teste nojentológico – ela respondeu.

Ao ouvir aquilo, comecei a acharj, quer dizer, achar que a Dra. Ema é quem estava precisando de psicóloga. Mas a curiosidade tinha tomado conta de mim. Então eu disse:

– Eu topo fazer o teste. E vamos logo com ele, que a senhora me deixou supercuriosa.

Mas a doutora tirou os óculos e disse:

– Lamento, Cecília, mas a sua hora acabou. Na próxima consulta faremos o teste.

(...)   (Fonte: MARTINS, Eliana. Receitas nojentas, ideias bolorentas. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2006. p. 6-8.)


Podemos comparar as características dos seres, dos lugares, dos pratos de comida... Essa comparação pode ser de três tipos: superioridade, inferioridade e igualdade.

 

 

a) “Comer pizza é mais gostoso do que comer jiló.”

 Que ideia as palavras destacadas deram a essa comparação?  


     

b) Escreva duas frases sobre o que você gosta de comer que mostrem os outros tipos de comparação de características.