Leia o texto e responda à questão.
Essa carta escrita em fins de agosto de 1852 foi publicada em um artigo junto com outras oito cartas de imigrantes residentes nas fazendas de café do Rio de Janeiro. Foram publicadas em 1852/53 nos jornais de Günther Fröbel, em Rudolstadt, com o intuito de incentivar a emigração para as fazendas de café. "Boas notícias do Brasil. Ao Sr. Christoph Münch em Ranis na rua Strumpfwirkerm. Colônia Independência, Província do Rio de Janeiro. Louvado seja Deus, queridos pais! Podemos agora afirmar que as cartas impressas que lemos em Ranis só continham verdades. O que eu começo aqui, dá certo. As casas foram sorteadas; eu tenho a de n° 4 com a mais bela plantação de café. Eu e a minha esposa colhemos diariamente de 2 a 4 cestos. Nós podemos trabalhar quando nos apetece. Ninguém nos diz nada; se trabalhamos muito, ganhamos muito, de 1 a 4 mil réis (1 mil réis equivale a cerca de 25 Sgr.) diariamente para cada um. Nós vivemos aqui livres como passarinhos; podemos, além disso, caçar, pescar e fazer o que nos agrada. Todos os domingos há música para dançar. Minha esposa e filha receberam de presente de boas-vindas brincos de ouro e nós logo compramos roupas melhores e de acordo com a moda daqui. Quando vamos passear, não nos deparamos com ninguém que nos diga: 'Pague, ou eu te processo ou penhoro seus bens, seu cafajeste!', como acontece freqüentemente na Alemanha. Mesmo os escravos vivem aqui melhor do que um camponês mediano na Alemanha. Esta mão que está escrevendo, e que meu pai tão bem conhece, há de apodrecer se isto não for a pura verdade. No dia 3 de março, quando chegamos em Cahla, a sorte já começou. No dia 5, um trem suplementar nos transportou, em um dia, para Hamburgo; no dia 10 embarcamos no navio e viajamos um total de 8 semanas. Infelizmente não podíamos entender o dialeto dos marujos, motivo pelo qual eles às vezes eram rudes. Minha filha diz quase todos os dias: 'Pai, o que fariam meus avós; ah, se eles estivessem aqui e pudessem comer conosco!' Da mesma maneira os nossos amigos em Gefell e Külmla. Temos a impressão de que vivemos no paraíso ou no céu. Apesar de haver madeira em abundância e de ser inverno aqui agora (maio, junho, julho), não precisamos de aquecimento. Durante a viagem até aqui recebemos, duas vezes por dia, carne, pão branco, às vezes cerveja e vinho também. Aqui na colônia não há taberna; mas, certamente, se o taberneiro Walther tivesse vindo, em breve haveria também cerveja. Walther, venha, tenho sede! Porém, temos boa água e bom café. Este último não é como na Alemanha: de 14 grãos 15 xícaras, mas sim, minha mulher pega mãos cheias (de grãos). Ah, se vocês ao menos tivessem o café que aqui ninguém se dá o trabalho de colher! É verdade que aqui é quente, mas dá para agüentar bem. Nós chegamos na nossa fazenda no dia da Assunção e no dia seguinte já nos instalamos na nossa casa. No primeiro dia do feriado de Pentecostes fui passear montado num lindo cavalo e muitos outros foram juntos. Logo chegamos a uma outra fazenda, cujo proprietário nos convidou para comer; havia 16 tipos de pratos e vinho à vontade. Foi uma bela acolhida! Eu agradeço a Deus por estar no Brasil; nos diziam lá (na Alemanha) que nós seríamos escravos mas, nossa situação atual, comparada com a de antes, atesta o contrário: lá éramos escravos; aqui vivemos na Terra Prometida, melhor do que os mais abastados em Ranis. Minha casa é grande, podendo vocês morarem nela: três grandes aposentos e uma cozinha. Ainda não possuo gado, pois estão faltando os currais; logo começarei a construí-los e, então, receberei a quantidade de cabeças de gado que eu desejar; cavalos, muares, bois, vacas, ovelhas, porcos, galinhas, gansos e muitos outros animais vivem soltos por aí. A nossa alimentação é composta de arroz, feijão, duas espécies de farinha, sendo uma um tipo de trigo, mas muito nutritiva, carne de porco e vaca, açúcar, aguardente, batatas, frutas como, por exemplo, laranjas e bananas. A colheita de café começou no dia 27 de maio e dura 3 meses; então iremos receber todos as espécies de frutas para plantar; primeiro temos que preparar o solo para isso. Digo novamente: é verdade o que escrevo. Adeus! Seu querido filho. F.Roßbach e família".
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882003000100007&script=sci_arttext> Acesso em 10/12/2009
a) Qual o país de origem do imigrante que escreveu esta carta?
b) Cite outros países que enviaram imigrantes para o Brasil.