Explicaê

01

 Leia o texto a seguir.

O baile das flores

Imagem

— Hoje vou ao baile das flores — anunciou o repolho.

— Ao baile das flores? — sussurrou a cebola, horrorizada.

— Tu ficas bem entre iguais — disse a alface.

— O teu lugar é aqui e tudo mantém a sua devida ordem.

O pepino anuiu sabiamente com a cabeça.

Acautelai-vos com as flores do jardim do outro lado da cerca — continuou a alface. — Andam de nariz levantado e olham-nos de cima para baixo. Não passam de ervas sentadas em vasos!

— Não queremos ter nada a ver com elas — disseram as ervilhas. — Aquelas perfumadas da horta não passam de umas campainhas de enfeite…

— Eu não tenho nada contra as flores. Só têm um aspecto diferente do nosso e às vezes não cheiram tão bem como nós — disse a cenoura pensativa. — Sabes que mais? Também vou contigo — decidiu, com um estremecimento da raiz à ponta das folhas. 

O repolho limpou as folhas e enfeitou-se com uma peninha. A cenoura encontrou uma linda máscara para si.

— Mas que bonitos que vocês estão! — elogiaram os rabanetes e, de repente, deixaram de ter caras coradas e alegres.

O repolho empertigou-se e ofereceu à cenoura um braço forte.

Ela acenou com a cabeça, animada, e, de pé leve, deixaram a horta.

No baile, a animação já tinha começado. [...] Repolho e cenoura passeavam pelo baile e iam cumprimentando à direita e à esquerda.

— Quem são estes? — cochichava um cravo a uma tulipa mais velha.

Esta olhou por cima dos óculos e torceu o nariz.

— Legumes, diria eu…

— Mas que horror! — exclamou o cravo. — Legumes crus no nosso baile. Que indecência!

— Mas o que é que eles têm de vir aqui fazer? Foram ao menos convidados? — queria saber uma rosa.

O repolho ouvia o falatório e os cochichos, e reparara como as rosas se encolhiam, os cravos tremiam de indignação e como um amor-perfeito tivera até um ataque de soluços.

— Parece que eles não gostam de nós — disse à cenoura.

[...]

— Fizemos-lhes algum mal? — perguntou ao repolho.

— Não. Eles nos fizeram algum mal? - perguntou ele.

— Não - respondeu a cenoura.

— Então pronto, ninguém tem razões para estar zangado.

[...]

Misturaram-se com os bailarinos. O repolho tinha agarrado a cenoura pela cintura e dançavam uma animada rumba-feijoca. Os dois formavam um par bonito de se ver e as flores aplaudiram, a contragosto.

Depois de ver isto, o lírio ousou por fim dirigir-se à cenoura e o repolho convidou uma margarida para dançar. Tocou-se uma valsa encantadora.

Foi uma bela noite. Todos puderam conversar, se conhecer e se cheirar.

[...]

Os dois entraram em casa em bicos de pés. Estavam felizes, muito cansados e não queriam acordar ninguém.

Texto adaptado de: Der Blumenball. Disponível em <https://contadoresdestorias.

wordpress.com/2009/06/04/o-baile-das-flores-2/> Acesso em: 5 ago. 2016.

anuir: concordar.

acautelar-se: cuidar.

empertigar-se: erguer, aprumar.

indignação: revolta, descontentamento.

rumba: uma dança cubana.  

Com base no texto "Hoje vou ao baile das flores", assinale a alternativa correta sobre o comportamento das flores em relação aos legumes no baile:

Desconsiderar opção Created with Sketch. Considerar opção Created with Sketch.
Desconsiderar opção Created with Sketch. Considerar opção Created with Sketch.
Desconsiderar opção Created with Sketch. Considerar opção Created with Sketch.
Desconsiderar opção Created with Sketch. Considerar opção Created with Sketch.