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Enunciado:
Converse com a turma sobre as lembranças da infância, abra uma roda de discussão e pergunte aos alunos sobre suas lembranças, desse universo passado existem objetos com significados, gostos e cheiros que traduzem sentimentos vindos de sensações. Esses significados são tão mágicos que nos transportam para nossas lembranças. Conduza a discussão no sentido de levar as crianças a buscarem na memória as sensações de seus pequenos passados. Virão à tona lembranças de comidas gostosas relacionadas com casa de avós e tios, brincadeiras, brinquedos, músicas, danças, piadas, histórias e casos, bichos de estimação, lugares marcantes, festas de aniversário, viagens, fotografias, etc.
Escolha um poema que retrate memórias, leia para a turma e proponha que eles ilustrem o poema. Divida a turma em pequenos grupos e distribua uma parte do poema para cada grupo, distribua folhas de papel canson tamanho A4, tinta guache e pinceis para a execução do trabalho.
Monte um varal com os trabalhos executados na sala de aula.
Exemplo de poema:
História de Maria de Lourdes Ferraz de Sá
No retrato que faço de mim
Às vezes me pinto de planta:
Xiquexique, macambira, oliveiras, onze horas.
Outras vezes me pinto de coisas:
Pote de barro, pilão, rede, batida de facão, esporas.
Às vezes me pinto de sabores:
Melancia, pipoca, quebra-bucho, mungunzá.
Pinto-me de bichos:
Bem-te-vi, beija-flor, mocó, sabiá.
Às vezes me pinto de veredas,
Serrotes, roças e espantalhos.
Pinto no canto do quadro, a velha lata de rapaduras.
Pinto o bule, as canecas, bolinha de meia,
Boneca de pedra e a caixa das bonecas de pano.
Pinto o rádio, a máquina de costura e o quadro do Coração de Jesus.
Pinto ações de minha mãe, com latas carregando água.
Pinto a força do meu pai e o peso de seu aió.
No quadro pinto as cercas,
Os serrotes,
O Riacho do Navio, o poço.
Lá longe, pinto a casa de minha avó.
Pinto o curral, a tigela de ágata, o chiqueiro,
As cabras, a cancela e os chocalhos.
Pinto espiga na brasa e o cheiro de bode assado.
Pinto homens conversando em volta do cercado
Numa venda do criatório acertando um dinheiro escasso.
Pinto a mulher chegando com traços de desamparo
Traço minha mãe entregando mochilas
Com mantimentos tão desejados.
Às vezes me pinto de festa:
Missa, eleições, novena.
Pinto-me de coisas doces:
Bombom “café e leite” da venda de Raimundo
E de alfenim de Veneranda.
Pinto-me de talco e perfume cashmere bouquet
Na tela da memória, pintura da minha infância.
Ladeada de caatingueiras e freicheiros
Debaixo dos alpendres do Alto-Monte
Que me viu crescer.
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