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CANÇÃO
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
Disponível https://www.revistabula.com/7668-os-melhores-poemas-de-cecilia-meireles/
O eu lírico do poema apresenta recursos expressivos da linguagem que dão ao texto uma subjetividade dominada por um (uma)