Texto para a questão A tarde caía. André brincava sozinho no estacionamento do prédio. Chutava uma bola contra a parede. Uma, duas, três... infinitas vezes, sempre goleando uma rede imaginária. Resolveu fazer um pouco diferente. Iria chutar de olhos fechados. Colocou a bola em posição, ganhou distância, apertou bem as pálpebras, correu no escuro e acertou-lhe um pontapé daqueles, verdadeira bomba. A bola subiu e subiu, saltou o muro e caiu no terreno do vizinho. — Chiii... — fez André, encostando uma escadinha na parede, subindo por ela e olhando o outro lado. A bola sumira no matagal. Um capim alto crescia por ali, escondendo o chão. Lá no fundo havia uma casinha, muito velha e desabitada, caindo aos pedaços. “Onde foi parar minha bola?”, ele se perguntou Não a via em canto nenhum. Além do mais, o sol era um incêndio ofuscando-lhe os olhos. De repente, a bola surgiu saltando no mato! Saltando e saltando. Para cima e para baixo. Como se alguém brincasse com ela. Mas quem? Não havia ninguém ali — a bola subia e descia sozinha, como se fosse viva. Ou como se alguém invisível a jogasse. — Ei! — gritou André, atordoado. — Devolve minha bola! Nesse momento, alguém agarrou sua perna e puxou-a com força. — Socorro! — gritou André, esperneando. — Desce já daí, menino! Sua mãe tocou o interfone mandando você subir agora mesmo! — Era Edmundo, o porteiro. [...] No sétimo andar, debruçado na mesa da sala, André terminava a lição de casa. E banho, jantar, televisão e cama. Mas não conseguia dormir. Aquela bola pulando sozinha no terreno não lhe saía da cabeça. [...] André levantou-se e olhou pela janela. Era quase meia-noite. A escuridão da hora povoava o terreno baldio de sombras assustadoras. Virando o rosto, viu a casa abandonada. As janelas pareciam dois olhos muito abertos, espiando, atravessadas por uma estranha luz esverdeada e brilhante. Uma fumaça grossa, esbranquiçada, saía pelo telhado. Então, viu a bola saltando no terreno. Saltando e saltando. Para cima e para baixo. Sem que ninguém a impulsionasse. [...] Regina Chamlian. Contos de espantar meninos. São Paulo: Ática, 2012. p. 6-14.
Releia.
— Ei! — gritou André, atordoado. — Devolve minha bola!
Nesse momento, alguém agarrou sua perna e puxou-a com força.
— Socorro! — gritou André, esperneando.
— Desce já daí, menino! Sua mãe tocou o interfone mandando você subir agora mesmo! — Era Edmundo, o porteiro. [...]
No sétimo andar, debruçado na mesa da sala, André terminava a lição de casa. E banho, jantar, televisão e cama.
No trecho, a palavra em destaque remete a