À mesma dona Ângela
Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
MATOS, G. Disponível em: https://conversadeportugues.com.br. Acesso em: 10 mar. 2022.
“À mesma dona Ângela” é um poema em que se compara a beleza da musa à beleza de uma flor e à de um anjo, metaforizando para o leitor a pureza e a perfeição dessa musa. O poeta, entretanto, apresenta um procedimento composicional que promove quebra de expectativa ao