Nesta palestra, desejo apresentar algumas variações sobre a função humanizadora da literatura, isto é, sobre a capacidade que ela tem de confirmar a humanidade do homem. Para este fim, começo focalizando rapidamente, nos estudos literários, o conceito de função, vista como o papel que a obra literária desempenha na sociedade.
Este conceito social de função não está muito em voga, pois as correntes mais modernas se preocupam sobretudo com o de estrutura, cujo conhecimento seria, teoricamente, optativo em relação a ele, se aplicarmos o raciocínio feito com referência à história. Em face desta os estruturalistas optam, porque acham que é possível conhecer a história ou a estrutura, mas não a história e a estrutura. Os dois enfoques seriam mutuamente exclusivos.
Que incompatibilidade metodológica poderia existir entre o estudo da estrutura e o da função social? O primeiro pode ser comparativamente mais estático do que o segundo, que evocaria certas noções em cadeia, de cunho mais dinâmico, como: atuação, processo, sucessão, história. Evocaria a ideia de pertinência e de adequação à finalidade; e daí bastaria um passo para chegar à ideia de valor, posta entre parênteses pelas tendências estruturalistas.
CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br. Acesso em: 10 mar. 2022.
O texto apresenta uma discussão acerca das funções da literatura. O questionamento sobre a incompatibilidade metodológica entre o estudo da estrutura e o da função social revela que o autor considera o estudo da estrutura