Explicaê

01

EM MAIO

Já não há mais razão de chamar as lembranças

e mostrá-las ao povo

em maio.

Em maio sopram ventos desatados

por mãos de mando, turvam o sentido

do que sonhamos.

Em maio uma tal senhora liberdade se alvoroça,

e desce às praças das bocas entreabertas

e começa:

“Outrora, nas senzalas, os senhores...”

Mas a liberdade que desce à praça

nos meados de maio

pedindo rumores,

é uma senhora esquálida, seca, desvalida

e nada sabe de nossa vida.

A liberdade que sei é uma menina sem jeito,

vem montada no ombro dos moleques

e se esconde

no peito, em fogo, dos que jamais irão

à praça.

Na praça estão os fracos, os velhos, os decadentes

e seu grito: “Ó bendita Liberdade!”

E ela sorri e se orgulha, de verdade,

do muito que tem feito!

CAMARGO, O. de. Em maio. In: QUILOMBHOJE. (Org.). Cadernos negros: os melhores poemas. São Paulo: Quilombhoje, 1998.


No poema, a voz poética

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