O Poeta Come Amendoim (1924)
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Brasil...
Mastigado na gostosura quente do amendoim...
Falado numa língua corumim
De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...
Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...
Molham meus beiços que dão beijos alastrados
E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...
Brasil amado não porque seja minha pátria,
Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...
Brasil que eu amo porque é o ritmo do meu braço aventuroso,
O gosto dos meus descansos,
O balanço das minhas cantigas amores e danças.
Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,
Porque é o meu sentimento pachorrento,
Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.
ANDRADE, M. de. Disponível em: https://www.culturagenial.com. Acesso em 25 ago. 2020.
Neste trecho do poema, Mário de Andrade relembra, sobre a história do Brasil, o processo de miscigenação que está na sua base e as inúmeras influências da nossa cultura. Essa lembrança se encontra no verso