Explicaê

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Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.


A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.


E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança itabirana.


De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa...


Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.

(FUVEST 2016 1ª FASE) Na última estrofe, a expressão que justifica o uso da conjunção sublinhada no verso “Mas como dói!” é:

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