O despotismo é o governo em que o chefe do Estado executa arbitrariamente as leis que ele dá a si mesmo e em que substitui a vontade pública por sua vontade particular.
KANT, I. Despotismo. In: JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
O conceito de despotismo elaborado pelo filósofo Immanuel Kant pode ser aplicado na interpretação do contexto político brasileiro posterior ao AI-5, porque descreve:
Questões relacionadas
- Língua Portuguesa
A falácia do mundo justo e a culpabilização das vítimas
Por Ana Carolina Prado
“É claro que o cara que estuprou é o culpado, mas as mulheres também ficam andando na rua de saia curta e em hora errada!”. “O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas está errado, mas ninguém mandou tirar as fotos!”. “Se você trabalhar duro vai ser bem-sucedido, não importa quem você seja. Quem morreu pobre é porque não se esforçou o bastante.” Você sabe o que essas afirmações têm em comum?
Há algum tempo falei aqui sobre como os humanos têm diversas formas de se enganar em relação à ideia que têm de si mesmos, quase sempre para proteger sua autoestima ou para saciar sua vontade de estar sempre certos. Mas nosso cérebro não nos engana só em relação a como vemos a nós mesmos: temos também a tendência de nos iludir em relação aos outros e à vida em geral. E as frases acima exemplificam uma maneira como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.
Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer coisa a ver com o comportamento ou vestimenta da vítima e sejam normalmente cometidos por um conhecido e não por um estranho numa rua deserta, a maioria das campanhas de conscientização são voltadas para as mulheres, não para os homens — e trazem a absurda mensagem de “não faça algo que poderia levá-la a ser violentada”.
Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade Linkoping, na Suécia, dos adolescentes culparam a vítima por ser “um alvo fácil”. Para os pesquisadores, esses julgamentos estão relacionados à noção — amplamente difundida na ficção — de que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas más acontecem a quem merece. 1A tendência a acreditar que o mundo é assim é chamada, na psicologia, de falácia do mundo justo. “Não importa quão liberal ou conservador você seja, alguma noção dela entra na sua reação emocional quando ouve sobre o sofrimento dos outros”, diz o jornalista David McRaney no livro “Você não é tão esperto quanto pensa”. 4Ele acrescenta que, embora muitas pessoas não acreditem conscientemente em carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão disso, adaptando o conceito para a sua própria cultura.
E dá para entender por que somos levados a pensar assim: viver em um mundo injusto e imprevisível é meio assustador e queremos nos sentir seguros e no controle. 3O problema é que crer cegamente nisso leva a ainda mais injustiças, como o julgamento de que pessoas pobres ou viciadas em drogas são vagabundas [...], que mulher de roupa curta merece ser maltratada ou que programas sociais são um desperdício de dinheiro e uma muleta para preguiçosos. Todas essas crenças são falaciosas porque partem do princípio de que o sistema em que vivemos é justo e cada um tem exatamente o que merece.
2[...] a falácia do mundo justo desconsidera os inúmeros outros fatores que influenciam quão bem-sucedida a pessoa vai ser, como o local onde ela nasceu, a situação socioeconômica da sua família, os estímulos e situações pelas quais passou ao longo da vida e o acaso. 5Programas sociais e ações afirmativas não rompem o equilíbrio natural das coisas, como seus críticos podem crer — pelo contrário, a ideia é justamente minimizar os efeitos da injustiça social. 6Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona de uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai ter de fazer para chegar lá é muito maior do que o esforço de alguém nascido em uma família rica que sempre teve acesso à melhor educação e a bons contatos. “Se olhar os excluídos e se questionar por que eles não conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como você, está cometendo a falácia do mundo justo. Está ignorando as bênçãos não merecidas da sua posição”, diz McRaney.
Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados — e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como “O estuprador é quem está errado, é claro, mas…”, pare por aí. O que vem depois do “mas” é quase sempre fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs>. Acesso em: 02 set. 2014 (Adaptado)
“Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados — e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como ‘O estuprador é quem está errado, é claro, mas…’, pare por aí. O que vem depois do ‘mas’ é quase sempre fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.”
Nesse fragmento, a autora sugere interromper a enunciação de certas frases construídas com o “mas” porque, caso contrário, se evidenciaria um discurso:
- Biologia
“Um pequenino grão de areia
que era um pobre sonhador
olhando o céu viu uma estrela
e imaginou coisas de amor
(...)
(...) o que há de verdade
é que depois, muito depois
apareceu a estrela do mar”
(Herivelto Martins)
As estrelas do mar são:
- Química | 1.6 Reações Inorgânicas
O ácido fluorídrico é utilizado para a gravação em vidros, porque ele reage com o dióxido de silício, conforme a equação química não balanceada representada abaixo.
HF(aq) + SiO2(s) -> SiF4(aq)+ H2O(ℓ)
No processo de gravação de vidros, a soma dos menores coeficientes estequiométricos inteiros que balanceiam a equação química é de
- Matemática | 10. Estatística
O serviço de meteorologia de uma cidade emite relatórios diários com a previsão do tempo. De posse dessas informações, a prefeitura emite três tipos de alertas para a população:
- Alerta cinza: deverá ser emitido sempre que a previsão do tempo estimar que a temperatura será inferior a 10 °C, e a umidade relativa do ar for inferior a 40%;
- Alerta laranja: deverá ser emitido sempre que a previsão do tempo estimar que a temperatura deve variar entre 35 °C e 40 °C, e a umidade relativa do ar deve ficar abaixo de 30%;
- Alerta vermelho: deverá ser emitido sempre que a previsão do tempo estimar que a temperatura será superior a 40 °C, e a umidade relativa do ar for inferior a 25%.
Um resumo da previsão do tempo nessa cidade, para um período de 15 dias, foi apresentado no gráfico
Decorridos os 15 dias de validade desse relatório, um funcionário percebeu que, no período a que se refere o gráfico, foram emitidos os seguintes alertas:
- Dia 1: alerta cinza;
- Dia 12: alerta laranja;
- Dia 13: alerta vermelho.
Em qual(is) desses dias o(s) aviso(s) foi(ram) emitido(s) corretamente?
- Geografia | 6.6 Politica Econômica
Imagine que você entrou numa loja de eletrodomésticos e em instantes um vendedor lhe oferece uma geladeira exatamente como a que você pesquisou na internet pouco tempo antes. Ou uma empresa que aumentou a previsão de demanda de um determinado produto com base em dados estatísticos coletados em tempo real, elevando sua participação de mercado. Essas situações são possíveis com um fenômeno que vem ganhando cada vez mais força no mundo dos negócios: o big data. Com um volume cada vez maior de dados disponibilizados na internet, as empresas de tecnologia desenvolveram sistemas capazes de capturar esses dados e analisá-los.
(www.folha.com.br. Adaptado.)
A operação de sistemas inteligentes, como o apresentado pelo excerto, é possibilitada pelo desenvolvimento de redes técnicas que modificam as relações sociais e o modo de vida das pessoas. O meio geográfico correspondente a essa condição é chamado