Explicaê

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Navio negreiro

Ontem a Serra Leoa,

A guerra, a caça ao leão,

O sono dormido à toa

Sob as tendas d’amplidão!

Hoje... o porão negro, fundo,

Infecto, apertado, imundo,

Tendo a peste por jaguar...

E o sono sempre cortado

Pelo arranco de um finado,

E o baque de um corpo ao mar...


Ontem plena liberdade,

A vontade por poder...

Hoje... cúm’lo de maldade,

Nem são livres p’ra morrer.

Prende-os a mesma corrente

– Férrea, lúgubre serpente –

Nas roscas da escravidão.

E assim zombando da morte,

Dança a lúgubre coorte

Ao som do açoute... Irrisão!... [...]


Existe um povo que a bandeira empresta

P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria!...

Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,

Que impudente na gávea tripudia?

Silêncio. Musa... chora, e chora tanto

Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...


Auriverde pendão de minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperança...

Tu que, da liberdade após a guerra,

Foste hasteado dos heróis na lança

ALVES, C. O Navio Negreiro e Outros Poemas. São Paulo: Saraiva, 2012. [Fragmento]

No poema, o autor aborda essa temática e usa a figura da bandeira nacional para criticar o fato de ela

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