Os três poemas a seguir foram retirados do Livro de sonetos, de Vinicius de Moraes
(São Paulo: Companhia das Letras, 2009).
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
[3] E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
[6] Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
[9] De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
[12] Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Na terceira estrofe (v. 9-11), a seleção vocabular evidencia a passagem de um estado emocional a outro por parte do poeta.