TEXTO I
O conto cumpre, a seu modo, o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é quase-documento folclórico, ora quase-crônica da vida urbana, ora quase-drama do cotidiano burguês, ora quase-poema do imaginário às voltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa voltada às festas da linguagem.
BOSI, Alfredo. O conto contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Cultrix, 1978.
TEXTO II
Desde jovem desejava voar. Estudava os pássaros e durante horas deixava-se ficar, cabeça voltada para o alto, acompanhando o voo das andorinhas, o lento planar dos cormorões. Mas apesar da intensidade do desejo, as asas recusavam-se a despontar. Forçoso era contentar-se com menos. Galgou não sem esforço a estátua equestre da praça. E empoleirado na cabeça do heroico general, deixou-se ficar apaziguado, olhando a cidade do alto, enquanto soltava pequenos excrementos sobre o bronze.
“O possível”, de Marina Colasanti.
Os dois texto se relacionam de forma que o texto de Marina Colasanti