51. Meu pai acreditava que todos os anos se devia fazer uma cura de banhos de mar. E nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda.
Meu pai também acreditava que o banho de mar salutar era o tomado antes do sol nascer. Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda, ainda na escuridão?
De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa.E de puro alvoroço, eu acordava às quatro e pouco da madrugada e despertava o resto da família. Vestíamos depressa e saíamos em jejum. Porque meu pai acreditava que assim devia ser: em jejum. [...]
O mar de Olinda era muito perigoso. Davam-se alguns passos em fundo raso e de repente caía-se num fundo de dois metros, calculo. [...]
LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1984, p. 249-51.
Assinale a alternativa que explicita a narração do texto em 1.ª pessoa.