Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) foi considerado o maior nome da literatura nacional. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Em suas crônicas – fragmento de uma das quais você vai ler a seguir – Machado extrapola o material jornalístico puro e simples e inclui elementos literários, como a sua característica ironia. Na crônica de 20 de abril de 1885,Machado sugere que seu nome seja incluído na lista de candidatos aos Ministérios. Leia.
Há de parecer esquisito que eu, até aqui pacato, solicite uma fineza destas que trescala a pura ambição. Explico-me com duas palavras.
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Vou ser franco, vou abrir a minha alma ao sol da nossa bela América. A primeira coisa é toda subjetiva; é para ter o gosto de reter o meu nome impresso, entre outros seis, para ministro de Estado. Ministro de quê? De qualquer coisa: contanto que o meu nome figure, importa pouco a designação.
[...]
Agora, a segunda coisa, que é menos recôndita. Tenho alguns parentes, vizinhos e amigos, uns na corte e outros no interior, e desejava que eles lessem o meu nome nas listas ministeriais, pela importância que isso me daria. Creia o leitor que só a presença do nome na lista me faria muito bem. Faz-se sempre bom juízo de um homem lembrado em papéis públicos.
ASSIS, Machado. Balas de Estalo.Belém: Universidade da Amazônia. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000189.pdf> p. 35. Acesso em 21 abr. 2012.
Sabe-se que Machado de Assis nunca se candidatou a qualquer cargo político, o que evidencia que ele ironiza