Explicaê

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(CFTMG) A questão a seguir refere-se ao texto abaixo.

Que diversas que são, Marília, as horas,

que passo na masmorra imunda e feia,

dessas horas felizes, já passadas

na tua pátria aldeia!

Então eu me ajuntava com Glauceste;

e à sombra de alto cedro na campina

eu versos te compunha, e ele os compunha

à sua cara Eulina.

Cada qual o seu canto aos astros leva;

de exceder um ao outro qualquer trata;

o eco agora diz: Marília terna;

e logo: Eulina ingrata.

Deixam os mesmos sátiros as grutas:

um para nós ligeiro move os passos,

ouve-nos de mais perto, e faz a flauta

cos pés em mil pedaços.

— Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece

da cândida Marília a formosura.

E aonde — clama o outro — quer Eulina

achar maior ventura?

Nenhum pastor cuidava do rebanho,

enquanto em nós durava esta porfia;

e ela, ó minha amada, só findava

depois de acabar-se o dia.

À noite te escrevia na cabana

os versos, que de tarde havia feito;

mal tos dava e os lia, os guardavas

no casto e branco peito.

Beijando os dedos dessa mão formosa,

banhados com as lágrimas do gosto,

jurava não cantar mais outras graças

que as graças do teu rosto.

Ainda não quebrei o juramento;

eu agora, Marília, não as canto;

mas inda vale mais que os doces versos

a voz do triste pranto.

GONZAGA, Tomás Antônio. Tomás Antônio Gonzaga [Org. Lúcia Helena]. Rio de Janeiro: Agir, 1985. p. 114. [Coleção Nossos Clássicos, v.114].

O poema, exemplar do Arcadismo brasileiro, caracteriza-se pela

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