É interessante notar como, em Machado de Assis, se aliavam e se irmanavam a superioridade de espírito, a maior liberdade interior e um marcado convencionalismo. Dois termos que se repelem, pensador e burocrata, são os que melhor o exprimem. Entre Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, a vida nacional passara pelas profundas modificações da Abolição e da República.
− Que pensa de tudo isso Machado de Assis? indagava Eça de Queirós.
À queda da Monarquia, disse Machado no seu gabinete de burocrata, diante da conveniência de tirar da parede o retrato do imperador:
− Entrou aqui por uma portaria, só sairá por outra portaria.
Era o que tinha a dizer aos republicanos, atônitos com esse acatamento ao ato de um regime findo.
Adaptado de: PEREIRA, Lúcia Miguel. Machado de Assis. 6. ed. rev., Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1988, p. 208
Nos romances maduros de Machado de Assis, de que são exemplos Memórias póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, e diante das profundas modificações que foram a Abolição e a República, o narrador machadiano