Esta passagem foi retirada de A mão e a luva, de Machado de Assis:
"... Guiomar curvou a cabeça e esteve alguns instantes a perpassar os dedos pelas teclas, enquanto Luís Alves, tirando de cima do piano outra música, dizia-lhe:
- Podia dar-nos este pedaço de Bellini, se quisesse.
Guiomar pegou maquinalmente na música e abriu-a na estante.
- Era então vontade sua? perguntou ela continuando o assunto interrompido do diálogo.
- Vontade certamente, porque era necessidade.
- Necessidade - tornou ela começando a tocar, menos por tocar que por encobrir a voz; mas necessidade por quê?
- Por uma razão muito simples, porque a amo. (...)
Guiomar sentou-se outra vez muda, despeitada, a bater-lhe o coração como nunca lhe batera em nenhuma outra ocasião da vida, nem de susto, nem de cólera, nem... de amor, ia eu a dizer, sem que ela o houvesse sentido jamais. Não se demorou muito tempo ali; com a mão trêmula folheou a música que estava aberta na estante, deixou-a logo e levantou-se."
A reação de Guiomar à segunda resposta de Luís Alves está diretamente ligada aos efeitos da